terça-feira, 14 de outubro de 2014

Ser um fáidh

Nas últimas viagens à Irlanda conheci lugares, pessoas e vivi experiências que fortaleceram a minha fé de maneira exponencial. E esse fortalecimento culminou no encontro com o meu "destino" dentro do meu clã e no meu caminho religioso: ser um fáidh.
Vindo de uma família em que esse dom é comum, não poderia me supreender com o fato de ser mais um, porém foi justamente o contrário. Ser um fáidh, grosso modo, é ser um vidente, prever o futuro. Porém o "cargo" de fáidh vai além de ver o que se esconde ali na esquina, vai além de um sonho premonitório. É estar atento a todos os sinais que se recebe do Mundo e saber interpretá-los da maneira correta.
Ser um fáidh é criar um elo de confidencialidade com aquele que está diante de você. Um elo que, quiçá, vá além da esfera da honra e palavra. É um quase elo espiritual em que, por alguns momentos, você se torna o outro e o entende profundamente. E ser o outro não é algo fácil de nenhum modo.
Vir de uma família com essa habilidade é uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo em que você tem facilidade em acessar o oculto, você se sente confortável em somente usar seu dom quando 
alguém o necessita. Porém, ser fáidh é estar a serviço do clann, do tuath. É cuidar, constantemente, da família que te cerca. Não pode ser um part-time job, tem que ser algo a que você se dedique plenamente, inclusive tendo que fazer sacrifícios muitas vezes.
Me parece que o trabalho do fáidh é mais soturno, obscuro e introspectivo que o do fili, por exemplo. Talvez seja coisa minha, mas de qualquer forma sempre preferi ficar mais aos fundos sem me mostrar. E viver no escuro sempre foi uma característica daqueles que buscavam o conhecimento do oculto, do divino, das respostas às perguntas.
Ser fáidh é difícil, mas é um difícil maravilhoso. 

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