quarta-feira, 22 de outubro de 2014

DUAS ESTAÇÕES, TRÊS MUNDOS, QUATRO TESOUROS E CINCO DIREÇÕES: OS PILARES DA COSMOLOGIA CELTA E DRUIDISMO RECONSTRUCIONISTA CELTA

Tradução feita com autorização da autora, em outubro de 2014, que também concedeu autorização para publicação no Corrente RJ- Paganismo Celta Unificado. Todos os direitos reservados.

Como a maioria de vocês deve saber, o rio mais sagrado do hinduísmo é o Ganges, mas antes do Ganges se tornar o foco dos rituais e crenças religiosas, havia outro rio que era igualmente sagrado. Esse rio era o Saraswati e uma civilização inteira conhecida como cultura HARAPPAN floresceu a seu redor de 2500 a.e.c. até 1500 a.e.c. no Vale do Rio Indu do que é hoje Índia e Cashemira. Suas maiores cidades foram Harappa e Mohenjo-Daro.

A cultura HARAPPAN era altamente avançada na escrita, matemática, metalurgia, odontologia, instrumentos de corda, esculturas tridimensionais, planejamento urbano, irrigação e drenagem, banhos públicos, barcos e canais, e a população era maior que as dos dois reinos do Egito juntos. Era uma cultura que comercializava constantemente e vivia em paz. Sua língua era um tipo de Dravidiano [1]

A cultura enfrentou uma catástrofe ambiental quando o clima mudou, as chuvas não vieram e seu rio-mãe-sagrado, o Saraswati secou. Cerca de 2000 a.e.c., o rio sagrado que corria no coração dessa civilização se foi e a cultura HARAPPAN começou a se dispersar. O que sobrou da cultura HARAPPAN foi absorvida ou conquistada pelos proto-indo-europeus ou faladores de sânscrito.
As evidências sugerem que alguns harappianos migraram do noroeste da Índia rumo ao sul para o interior do subcontinente enquanto outros harappianos migraram para China e Tibet. Há também evidências de que alguns deles podem ter ido pra oeste, pra Europa ocidental. Que evidências temos dessa teoria? Como evidência física, nós temos o Caldeirão de Gudenstrup que foi encontrado num pântano dinamarquês em 1891. A procedência do caldeirão continua em debate, mas sabe-se que foi construído entre o primeiro e segundo século a.e.c. Ainda que encontrado numa pântano dinamarquês, o caldeirão retrata uma figura cornífera rodeada por criaturas exóticas como elefantes e leões e está sentada na posição  yogue. A figura cornífera é celta, nós sabemos devido ao torque em suas mãos. Ainda que o cornífero lembre muito as figuras HARAPPAN de Shiva Pashupati, o Senhor dos Animais.

Nas imagens hindus de Shiva, ele geralmente se encontra em pose de meditação com uma serpente em seu pescoço, para ilustrar sua absoluta falta de medo. Do mesmo modo que  deidade cornuda absoluta falta de medo. Do mesmo modo que a deidade cornuda de Gundestrup é apresentada segurando uma serpente. Mais paralelos podem ser encontrados entre os europeus, védicos e povos do vale Indus e suas culturas e eu vou falar primeiramente sobre os celtas por ser a cultura mais relevante a minha própria fé, que é o druidismo.

O rio-mãe sagrada ao longo do qual a cultura celta se desenvolveu foi o Danúbio, que foi nomeado pela deusa Danu. A mesma deusa deu seu nome ao rio Don, o Dneiper e outros. Danu é também uma deusa hindu primitiva das águas primordias. No Rig Veda, ela é chamada de mãe dos Danavas, ou crianças de Danu.

Os povos célticos desenvolveram um sistema de castas de “Nemed” ou “Sagrado” que era uma classe de druidas que são equivalentes aos Brahmanis, guerreiros que são equivalentes aos Kshatriyas, fazendeiros e produtores e escravos que realizavam as mesmas tarefas dos “intocáveis”, casta indiana. Assim como na cultura hindu e védica até o século X, um deles podia se mover pra cima ou pra baixo na ordem social, avançando em status conforme recebe educação ou ganha habilidades, o sistema de castas dos celtas ancestrais era fluido e permitia oportunidades de progresso e também a perda do status dependendo da educação e outras circunstâncias.

Os celtas e povos védico-hindus compartilham outras similaridades tais como a supremacia das deidades são sempre personificadas em três: a tripla Brighid por exemplo, que era a mais popular deusa pan-céltica. Ela era personificada como uma tríplice Brighid, a patronesse dos ferreiros e da forja, a patronesse da cura e patronesse dos poetas. Semelhante a Lugh Samildanach, o Deus de Toda Arte, que nasceu como um tripleto. A Tripla deusa da Guerra conhecida como A Morrighan, era frequentemente personificada como três corvos, três gralhas ou três Grandes Rainhas chamadas Morrígan, Badb e Nemain. A Deusa da Terra da Irlanda Ancestral era uma deidade tripla Banba, Fodla e Ériu. Na Gália celta a Matronae eram Mães Triplas que traziam as bênçãos das plantas, comida e das crianças saudáveis para as tribos. Assim o número três implica Grandes Deuses, divindade e compleição.

Essas divindades triplas podem ser comparadas ao Trimurti Hindu: Brahma, Shiva e Vishnu e à Trivedi: Shakti, Lakshmi e Saraswati.

A religião druídica e ensinamentos filosóficos são semelhantes às crenças védicas e hindus também. Os druidas ensinavam a doutrina da reencarnação de acordo com o testemunho de historiadores contemporâneos. Pomponius Mela registrou que os druidas ensinavam sobre a reencarnação para fortalecer a coragem dos guerreiros. Ele escreveu que “um dos seus dogmas era ficar o mais famoso possível e ficarem de prontidão para irem à guerra, assim o nome dessas almas seria eterno e assim seria eterno entre as almas na outra vida”.

Ammianus Marcellinus escreveu “os druidas...declararam que as almas são imortais” enquanto Diodorus Siculus disse: “a doutrina pitagórica prevalece entre eles, ensinando que a alma dos homens é imortal e vive novamente por um número fixo de anos habitando outro corpo”.No séc.I, Lucan endereçou aos druidas retoricamente essas palavras: “vocês nos dizem que o mesmo espírito tem um corpo de novo, em algum lugar e que a morte, se o que cantam é verdade, seria o ponto médio de uma longa vida”.

Podemos encontrar ainda mais paralelos entre as sagradas escrituras das religiões  célticas e hindus. No Poema de Amairgen do séc.XI, Lebor Gabala Érenn (Livro das Invasões da Irlanda), um livro composto de uma mistura de pseudo-história e conhecimento popular passado de geração em geração, o poeta declara:

“Eu sou o vento que sopra pelo Mar
Eu sou a Onda do Oceano
Eu sou o Murmúrio dos...........
Eu sou o Touro de Sete Combates
Eu sou......................da Rocha
Eu sou o Raio de Sol
Eu sou a mais  Exata das Flores
Eu sou o Javali Selvagem em Valor
Eu sou o Salmão da Poça
Eu sou o Lago na Planície
Eu sou a Habilidade Do Artesão
Eu sou a Palavra da Ciência
Eu sou a ponta da Lança que dá batalha
Eu sou o Deus que criou a cabeça do Homem
O Fogo dos Pensamentos”

Isso pode se comparar ao Bhagadav-Gita onde Sri Khisna diz:

“Eu sou o estabelecido no coração de todos os seres
“Eu sou o começo, o meio e o fim de todos os seres também (2)”
“Entre corpos luminosos eu sou o sol...entre mansões celestiais eu sou a lua...e Meru entre as mais altas montanhas...das cheias eu sou o oceano...das coisas imóveis eu sou Himalaya...eu sou o leão entre as bestas...o Ganges entre os rios...eu sou o infinito em si, o Preservador cuja face se volta para todos os lados....eu sou o Arjuna, a semente de todas as coisas existentes, e não há coisa, animada ou inanimada, em que eu não esteja(3)

Além disso, é fato que a religião celta faz oferendas a fogos sagrados, águas sagradas e árvores, enquanto os rituais védicos envolvem oferendas a fogos sagrados (Agni) e águas sagradas (Soma) e o uso do poste em seus rituais. A foice foi usada tanto por druidas como por sacerdotes brâmanes. A evidencia deixa claro que há um segmento védico ou proto-védico que corre em direção às crenças religiosas indo-européias.

Assim, tendo explorado a mais profunda raiz do que percebo ser nossa mais próxima origem tecida, gostaria de olhar os princípios básicos da cosmologia céltica tal quais são compreendidos pelos druidas reconstrucionistas célticos modernos hoje em dia.

DUAS ESTAÇÕES

O primeiro princípio é a divisão do ano sagrado. Para os celtas ancestrais haviam apenas duas estações – inverno e verão – ou metade clara e metade escura. A metade escura começava no Samhain ou como é conhecido nos tempos modernos “Halloween” ou “Dia de todas as almas” enquanto a metade clara começava no Beltane ou como é conhecido nos tempos modernos “Dia de Maio”.

Esses dois festivais eram os dias mais sagrados no ano celta, agindo como portais entre a luz e a escuridão; entre um estado de existência e outro. Eram tempos de caos e mudanças, quando os espíritos moviam-se livremente entre um mundo e outro e a comunicação entre os mortos (ancestrais) era mais fácil.

Ambos os festivais são centrados nas atividades das vacas. Em Beltane, as vacas eram levadas para seu pasto de verão nas montanhas, enquanto no Samhain as vacas eram trazidas de volta.

No Beltane, as vacas que iam sair do recolhimento eram ritualisticamente abençoadas passando entre dois fogos sagrados conforme deixavam a fazenda. Os fogos deviam estar próximos o suficiente para que uma vaca branca que passasse entre eles tivesse seu pelo tingido de marrom. Vacas eram tidas como animais lunares aquáticos que produziam o mais importante dos líquidos chamado leite, que depois virava a manteiga e o leite das tribos. Ao passar as vacas pelo fogo, água e fogo se reuniam, o que é uma forma poderosa de magia porque os celtas antigos criam que o mundo fora feito de fogo e água, e onde quer que esses dois elementos estejam juntos, há a passibilidade de transformação, criação e mudanças poderosas.

Entre Beltane e o Samhain existem dois outros festivais, Imbolc, que acontece no início de fevereiro em honra a grande deusa tríplice Brighid. É também um festival de leite, que celebra a lactação das ovelhas. Lughnasadh era a celebração dos primeiros frutos do colheita, era celebrado do fim de julho ao meio e agosto dependendo de quando os novos grãos estavam maduros. Nesse festival, cavalos, que eram entendidos como criaturas solares de fogo, eram ritualisticamente limpos em águas de lago ou córrego e mais uma vez fogo e água eram unidos para “energizar” o mundo. Corridas de cavalos e outros jogos de habilidade e competições assim como uma grande feira e concursos de poesia marcavam a ocasião. O festival honrava o deus Lugh que era “senhor de todas as artes” e sua mãe adotiva Tailtiu, que pode ser  compreendida como a própria Mãe Terra em si.

TRÊS MUNDOS

Para os celtas havia três mundos que existiam simultaneamente e que eram entrelaçados uns aos outros. O mundo do mar ou água era o submundo dos ancestrais e Sidhe ou Fadas. Esse mundo era sob a terra, mas podia ser acessado pela água, uma vez que oferendas eram jogadas na água tal como lagos, poços, córregos como presentes ao Reino das Fadas e mortos honoráveis.

O mundo da terra era o reino sagrado das plantas, árvores, animais, pedras e humanos. Alguns dos habitantes desse mundo, como as pedras e as árvores são especialmente venerados, porque uma pedra pode estar meio no subterrâneo e meio na superfície e assim residir em dois mundos, enquanto suas árvores tem a raiz no submundo da água, seu tronco no reino da terra e seus galhos que tocam o Reino do Céu. Oferendas são feitas às árvores sagradas e pedras para honrar sua existência entre os reinos. Árvores de raízes tão profundas como freixo e carvalho e pedras que se projetam da terra, são entendidos como objetos limiares de poder que podem ajudar uma pessoa a viajar entre mundos. Rituais são feitos na presença de árvores e pedras por essa razão.

O mundo do Céu era dominado pelos Deuses do Céu e Deusas, de deuses trovão como Taranis e corvos e gralhas emissários da Tripla Deusa da Batalha, a Morrighan. Deidades solares como Belenus e Aine eram honrados com oferendas ao fogo. Lugh e Brid que eram o Mestre e a Mestra das artes e associados ao fogo eram honrados com forja e altar de fogo. Oferendas eram feitas com fogos sagrados para acessar o Reino dos Céus, pois o fogo carregava as oferendas para cima via fumaça.

Para os celtas, o símbolo que melhor representa esses três reinos de existência era a árvore, devido a habilidades da árvore de expandir os mundos. Toda tribo tinha uma Bile ou árvore sagrada sob a qual juramentos eram selados. Tal árvore era simultaneamente uma igreja, uma casa real e um salão de reuniões dos ancestrais, líderes tribais e druidas. A saúde e a sorte da comunidade estavam ligadas à árvore e a pior coisa que podai acontecer à comunidade era ter sua árvore cortada.

Os Três Reinos eram também entendidos como existentes na forma humana. Era dito que três caldeirões, o “Caldeirão da Sabedoria” na cabeça, o “Caldeirão da Motivação” no peito e o “Caldeirão da Incubação” no abdômen.

O Caldeirão da Sabedoria na cabeça dizia=se nascer de cabeça pra baixo em todas as pessoas e que gradualmente virava pra cima através do treinamento e intervenção divina. O Caldeirão da Motivação no peito nasce de lado na maioria das pessoas, ele é a origem da emoção e da arte poética e se torna plenamente de pé conforme adquirimos habilidades artísticas. O Caldeirão da Incubação no ventre é o local do calor, sustento e saúde. Numa pessoa saudável ele fica de cabeça pra cima, e tomba de lado em caso de doença. Ocaldeirão se vira plenamente pra baixo na morte. Os Três caldeirões são comparáveis aos 3 chacras maiores do corpo humano.

No poema ancestral “O Caldeirão de Poesia” outra composição atribuída a Amergin do Joelho Branco, os 3 caldeirões são descritos dessa maneira:

“Meu perfeito caldeirão do calor foi levado pelos Deuses do misterioso caos primitivo dos elementos, a perfeita verdade que enobrece do centro do ser, que derrama a aterrorizante corredeira do discurso...os Deuses não dão a mesma sabedoria a todos, tombado, invertido, pra cima, sem conhecimento, meio conhecimento, pleno de conhecimento...o que é a razia da poesia e cada outra sabedoria? Não é difícil, 3 caldeirões nasceram em cada pessoa – o caldeirão do calor, da motivação e da sabedoria.

O caldeirão do calor nasce pra cima na pessoa desde o começo. Ele distribui sabedoria pra pessoa na juventude.

O caldeirão do movimento, contudo aumenta depois de mexido. Que é o mesmo que dizer que nasce inclinado para o lado, crescendo internamente.

O caldeirão da sabedoria nasce emborcado e distribui sabedoria em poesia e em toda parte.

O caldeirão do movimento, ele está emborcado em todas as pessoas desprovidas de arte, ele é inclinado pro lado nas pessoas com artes de bardos e pequeno talento poético e está de cabeça pra cima nos grandes poetas que são grandes fontes de sabedoria. Nenhum poeta está garantido pois o caldeirão pode se virar por tristeza ou por prazer. Há 2 categorias de prazer que mexem o caldeirão: o prazer divino e o prazer humano...[4]

QUATRO TESOUROS

Por tradição os Tuatha Dé Danann ou Crianças de Danu voaram do norte trazendo quatro tesouros com eles: a espada de Nuada, o Caldeirão de Dagda, a Lança de Lugh e a Lia Fail ou Pedra do Destino.

Sobre a espada de Nuada diz-se que ninguém escapava dela uma vez desembainhada. Porém a espada não era só um artefato de guerra em tempos ancestrais, a espada tinha usos práticos como cortar carne, podar arbustos, escavar, ceifar, cortar e afiar objetos. Era símbolo de sabedoria, habilidade, criatividade, honra, verdade e discernimento. Nas lendas uma espada nobre cobria a verdade e matava a falsidade.

O Caldeirão de Dagda era dito como sendo um inexaurível container mágico de comida do qual ninguém saia descontente, e os druidas podiam trazer guerreiros mortos de volta à vida mergulhando-os dentro do mágico caldeirão da cura. Taças e chifres de beber são símbolos relacionados que portavam líquidos mágicos e nutritivos aos Deuses e que eram containers da sabedoria mágica do Outro Mundo e dos mistérios da Natureza. As lendas das buscas pelo Santo Graal são reflexos desses objetos místicos.

A lança de Lugh era dita como capaz de fazer seu portador invencível, ela pertence ao brilhante deus que é Senhor de toda Arte. Lugh era ao mesmo tempo grande guerreiro, mago, ourives, harpista, curandeiro e muitas outras coisas. Sua lança brilhante simboliza a maestria de talentos, o crescimento da sabedoria, foco intenso numa habilidade ou arte, profunda inteligência, o fogo da inspiração sobrenatural, os fogos da cabeça e do pensamento.

A pedra de Fal ou Lia Fail era a pedra da coroação mágica que rugia quando um verdadeiro rei colocava seus pés sobre ela. A “Lia” é uma pedra trabalhada ou inscrita, não uma pedra bruta natural. Com sua base no chão e seu topo no ar, ela é a ligação de dois mundos tal qual um rei deve ser o elo entre esse mundo e os reinos divinos. A cor da pedra é cinza, símbolo da sabedoria e conhecimento e Fail é um anel sistema fechado ou protetivo que cercava e guardava o reino. Assim essa pedra que dizia-se estar em Tara e que mais tarde fora levada para a Escócia (e então roubada pela coroa britânica) é uma pedra ancestral que foi inscrita de modo misterioso e sagrado que guardava o reino. Quando o verdadeiro governante, que for verdadeiramente sábio e protetor da terra se aproximar ela falará com clareza. Até lá a pedra permanece em silêncio, guardando seus segredos e poderes para o legítimo rei porvir.

CINCO DIREÇÕES

Existem ao menos doze direções que são reconhecidas como sendo significantes para os celtas, sabemos disso porque existem 12 ventos ou airts que são reconhecidos por seu efeito único sobre a terra e as pessoas [5]. Mas para finalidades religiosas existem 5 direções maiores que são encontradas nos mitos e histórias [6].

O Norte é a direção das batalhas e do fogo, seu emblema é a espada e sua criatura é a águia.É a direção dos guerreiros, dos Deuses .Ventos nórdicos pressagiam conflito e discórdia.

O Leste é a direção da abundância e prosperidade. Seu emblema são as colheitas de todo tipo, terra boa, roupas finas, abelhas e mel, sua criatura é o salmão.

O Sul é a direção da Deusa, associado à água e as artes criativas como música e poesia. Sua criatura é a leitão, animal que vai fundo na terra escura para buscar inspiração e sustentação, trazendo tesouros ocultos pra luz.

O Oeste era o lugar da manutenção da história, da contação de histórias, da iluminação, do fogo interior, do aprendizado e da passagem pelos mistérios. É a aerada direção do intelecto. Sua criatura é o veado.

O Centro era a quinta direção sagrada que completava um espaço ritual. Seu emblema era a pedra, sua criatura  era a Égua da Soberania que simbolizava a Deusa da Terra. Era o lugar da maestria e da governança. Cinco era o número que implicava em papel sagrado.

Essas cinco direções se espelhavam na cosmologia hindu de Monte Meru onde quatro continentes (dizem) estão arrumados ao redor de uma montanha mítica central cujas raízes penetram a mesma distância no oceano que seu pico alcança o céu.

Enquanto druidas modernos estão ativamente procurando as ancestrais raízes proto-védicas que a religião hindu e a religião céltica têm em comum, nós estamos nos voltando à vívidas e intactas religiões da terra tal qual as tradições nativo-americanas e xamanismo siberiano em busca de pistas de como reviver as tradições tribais ancestrais centradas na terra europeia. Pode haver muitos paralelos a serem encontrados nos altares de fogo nativo-americanos, orações à água, reverência à animais sagrados, plantas e árvores, e o reconhecimento que mulheres tal qual homens, podem ser líderes tribais, curandeiras e clérigas [7].É um bom momento para ser um participante dos esforços reconstrucionistas de reconexão com nossos costumes ancestrais tribais e honra à Terra e suas criaturas.

Ellen Evert Hopman


Arquidruidesa da Tribe of The Oak (Ordem do Carvalho) http://tribeoftheoak.com
(A ordem possui cursos online e membros na Europa e outros lugares)

Conheça os outros trabalhos da autora em:  www.elleneverthopman.com onde você encontra links para seus livros de ervas, vídeos, artigos e blog druídico


Tradução Luciana Cavalcanti 2014

NOTAS:

1 http://en.wikipedia.org/wiki/Indus_Valley_Civilization. Contexto histórico e afiliação linguística acessado em setembro de 2009.

2 Zaehner, R. C. The Bragavad-Gita, Oxford University Press, NY, 1973. Pg 297

3 Judge William Q., The Bragavad-Gita, The Theosophy Company, Los Aneles, 1971 pgs 73-76
4 De trechos traduzidos de Erynn Rowan Laurie.Veja o texto complete em www.madstone.com/pages/cauldronpoesy.htm

5 Veja a lista de ventos no texto cristão arcaico “Saltair na Rann”, canto 1, quadras 12 a 24.

6 Para uma discussão minuciosa a respeito veja Alwyn e Brinley Rees “Celtic Heritage”. Thames and Hudson, NY, 1994.


7 Para evidências de mulheres druidas em tempos antigos por favor veja “Druidas Femininos” por Ellen Evert Hopman em http://themagicalbuffet.com/blog1/2008/02/29/female-druids/

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